O ano era 1988, a entrevistada Regina Casé.
Ela diz: “Eu fiquei feia quando virei artista”.
Lá nos anos 80 os costumes e valores eram um tanto diferentes, evoluímos um pouco como sociedade, o padrão de beleza era ainda mais vigente e, óbvio, mais cruel nos 80. A naturalidade com que a pergunta é feita mostra isso.
Nossa geração se fez nessa ideia do “bonito e feio” e muita gente ainda não se libertou. Estamos em 2021, e como dizia Cartola, “ainda é tempo, amor”.
Hoje, de um lado vejo matérias que dizem que o Brasil é recordista em cirurgias estéticas “harmonizadoras” - no sentido de padronizar a aparência das pessoas e me impressiono.
De outro, vejo outras matérias e pesquisas, além das nossas conversas aqui no Viva, sobre a importância de nos libertarmos dos padrões e abraçarmos a nossa beleza individual.
Aí penso: estamos no caminho. Quem quer ser padrão tem seu lugar. Quem não quer, também! E celebro isso, a liberdade de escolha.
Quando eu ouço a @reginacase desconstruir a pergunta com tanta sabedoria e gentileza, penso, que mulher! Ouço e entendo que ela realmente sempre esteve um passo à frente.
Causou um certo estranhamento em mim a ideia dela de mensurar o poder da beleza pelas conquistas amorosas e sexuais, “pelos namorados gatos”. Porque hoje não faz mais tanto ou nenhum sentido.
Afinal, somos o que somos, indiferente ao status conjugal. E essa ideia pode levar a interpretação de um ou outro (homem ou mulher) como posse ou objeto de consumo.
Mas, olha, ali, na boca de Regina deu gosto de ouvir. Luvas de pelica eram extremamente elegantes na época também, não é?
Vídeo: @newmemeseum