E talvez tenha começado assim a primeira onda tecnológica que “permitiu” que a mulher levasse mais trabalho para casa, aonde ela já tinha muito trabalho…
Contém ironia.
O trabalho feminino invisível existe desde que a mulher existe. E passou a ser a dupla jornada depois que a mulher foi também para o mercado de trabalho. O trabalho que a mulher faz e que só é notado em sua ausência (Ué, não tem jantar? Ué, o papel higiênico acabou? Minhas camisetas estão todas sujas?) foi tema do ENEM.
E isso é um bom sinal: o assunto está ganhando a seriedade que merece e — se tudo der certo — deixará de ser um assunto, sendo solucionado.
Essa é a minha torcida. Mas daí lembro daquela checada nas mensagens do celular antes de ir dormir e as minhas esperanças diminuem. Quem nunca recebeu uma mensagem de trabalho, via Whats App, no meio de um momento de lazer?
O WhatsApp (que não dá férias para ninguém) de 40 anos atrás era um computador de mesa, também já foi um e-mail, um BIP, um fax, um telefonema fora de hora…o trabalho invade a vida privada faz tempo, só muda o formato e cresce a frequência. O que é lamentável…mas voltando ao comercial…
…inegavelmente parecia mesmo super “fácil e leve” carregar um computador de mesa em uma sacola que parece uma bagagem térmica para ter mais trabalho em casa. E isso diz muito.
Obviamente estou exagerando. E usando a tecnologia como exemplo porque achei esse comercial e só pude pensar:
1. essa moça tá mesmo feliz de levar mais trabalho pra casa?
2. Será que foi assim que começou a terceira jornada de trabalho feminino?
Tenho certeza que a intenção dela, da moça, da atriz, em trabalho, foi a melhor, ainda que ela seja a personagem de uma campanha publicitária. Mas de boas intenções, a gente sabe….