Junto com essa forças marcadas na foto, ontem participei do talk “Eu Decido Envelhecer”, do movimento Free Free, idealizado e dirigido por Yasmine Sterea. O Free Free se propõe a libertar o feminino dos padrões em todos os sentidos. Para tanto oferece trocas, vivências, debates, eventos, estimula a empatia, a sororidade.
O movimento é uma resposta de Yasmine, 30 e poucos anos, para uma crise que, segundo ela, envolve o mito cruel da perfeição feminina.
O talk expôs o uso das crises pessoais como trampolim. Ainda que eu tenha ressalvas colossais à já cansada glamourização do mito do herói (nem sempre é preciso cair para alçar voo, e nem sempre é possível se levantar), não nego seu sentido. Especialmente depois de ontem. É preciso respeitar as crises! As nossas e as dos outro.
O tema central era envelhecimento. E, envelhecimento, assim como a adolescência, de alguma forma, é crise. Daí, o termo envelhescência. É uma nova fase, que envolve novos cenários e novas versões de si. Olhar para si, com coragem, dentro das crises, e depois analisar o cenário da crise com o mesmo cuidado, pode trazer resultados positivos e transformadores.
Mas nesses tempos em que se superstima a leveza (Gilles Lipovetsky escreveu sobre isso já), que se deseja SER a luz e a dona tal plenitude, as crises, as dores e dúvidas — tão importantes (mesmo que não essenciais) para os próximos passos e evolução — são escondidas, mascaradas, e por vezes motivo de vergonha. Ontem percebi, por exemplo, que ouvir “ressecamento vaginal” causa uma certa crise. A palavra coroa, mesmo com a devida conotação de preciosidade e poder, idem. São tabus. Logo, merecem olhar especial para que possa acontecer a transformação e a superação desta crise de se reconhecer coroa e com questões de coroa...
A passagem do tempo me mostra que nada é permanente, nem a luz, nem a sombra... nem o tabu, nem a crise. Envelhecer é viver. Transformar. Aceitar. Não é leve, não precisa ser tão pesado, mas tem que ser real. Uma vida sem verdade, afinal, não faz sentido em nenhuma idade, não é? Então se a sua crise for real, olhe para ela e transforme-se!