Será? A frase é da peça “Entre Quatro Paredes”, de Sartre, 1944, na qual 3 amigos são obrigados a ficar em um só espaço e se ver pelo olhar do outro, sendo ainda amigos e ao mesmo tempo carrascos.
O fim-de-semana foi introspectivo e começo a semana pensativa… vem comigo?
O existencialismo, corrente filosófica de Sartre, é sobre o sentido que o homem dá à própria vida, “não nascemos como somos, vamos nos moldando a partir das nossas escolhas e relações”. Simone Beauvoir era mulher forte no movimento, amante e companheira de Sartre (ele era seu paraíso e seu inferno) e nos deu a máxima: “Não se nasce mulher, torna-se mulher”.
Em suma, a corrente diz que o ser humano é livre para moldar a sua existência. E que seria má-fé mentir para si mesmo de que não somos livres. Mais: sendo livres temos uma responsabilidade e também que lidar com a liberdade dos outros. A questão é que nossos projetos pessoais podem entrar em conflito com o projeto de vida dos outros. Eles, os outros, tiram parte de nossa autonomia. Nós a autonomia do outro. Ao mesmo tempo a convivência expõe nossas fraquezas e força. Deu angústia só de ler? Pois é, esse é mesmo o efeito, da peça e da vida…
E veja, dizem que Sartre era viciado em anfetaminas… Ou seja, não era um ser 100% bacana. Porque ninguém é. Nem ele, nem eu, nem você. Todos temos sombras, porque temos luz. Somos indivíduos em coletivos, como na peça que citei, sobre 3 amigos existindo, em um ambiente restrito, obrigados à relação, suas dores e glórias… até que chega-se à máxima do inferno não só estar no outro, como ser o outro!
Quantas vezes não caímos nessa? Estando nesse palco há mais de meio século… eu me pergunto e estendo para você: nessas alturas da vida, é mesmo sábio atribuir suas frustrações e dores ao comportamento do outro? E aceitar que o outro faça isso com você?
Para embalar sua resposta, lembro de uma canção do Titãs inspirada na peça de Sartre.
“O problema não é meu
O paraíso é para todos
O problema não sou eu
O inferno são os outros”
Você canta junto? Por que?