Ontem vi o filme “Leo, O Grande”, com a extraordinária atriz Emma Thompson. Gostei muito. Conta sobre uma viúva que decide sair da estatística que aponta que muitas mulheres nunca sentiram um orgasmo. Para tanto, ela contrata um garoto de programa. Sabe aquele papo da prostituta que vira psicóloga e amiga do cliente?
Rola isso, só que com uma mulher 50+ no papel do contratante e um rapaz no lugar do contratado. Além do sexo e orgasmos, a relação vai se inundando de uma intimidade que supera a do ato sexual. Poderia ficar falando sobre o orgasmo em si, de como a reação resulta em poder, segurança, “pele boa” e bem - estar. Mas o filme vai além. Vem comigo.
A personagem foi casada com um homem a vida toda e consentiu com uma relação sexual protocolar e sem prazer. Algum tempo depois de ficar viúva, cria coragem para buscar alguém que a ajude a colocar em prática uma lista que cultivava, de posições e carícias sensuais. Na relação com o marido, seu único par sexual, essa lista nunca coube.
Ela deixa claro que detesta surpresas, que ama ter controle de tudo. Queria um orgasmo, mas não perder o controle. Como seria isso? Diz para o Leo que fingiu orgasmo a vida inteira — e não faria mais isso. Tem coisas que ela só fazia com o marido? E sim, essa pergunta é sacana, sim.
Vai ficando evidente que o julgamento bastante severo que ela fazia do comportamento de suas alunas, de seus filhos e basicamente de todos com quem se relaciona, é apenas o reflexo do quão implacável ERA com ela mesma.
Eu saí do cinema pensando: o quanto desta frustração sexual não estava na castração que ela se auto impunha?
Quanto a realização dos nossos desejos (e falo aqui dos extra-sexuais) dependem de nós e quanto depende do outro?
Tenho a impressão que a vida muda para melhor quando tomamos para nós a responsabilidade sobre o que é nosso.
Fiquei com essa vontade de (re)lembrar que cada uma de nós escreve a nossa própria história e vida. Podemos mudar (quase) tudo a hora que quisermos. E ter o controle de tudo nem sempre ajuda muito nessa caminhada. A vida tem prazeres múltiplos, não tem? E alguns estão nas surpresas, não é? O que você acha? Me conta?