Quem acompanhou a série Downton Abbey, sabe que quando a Lady Violet (Maggie Smith, foto 2) aparece é certeza de cenas incríveis e, às vezes, algumas gargalhadas.
Eu adoro um humor ácido, me deliciei muitas vezes com as falas dela.
Uma das que mais gosto está acima. Um pouco indigesta, eu sei, mas bem verdadeira. É aquele dito “a diferença entre o remédio e o veneno está na dose”. Especialmente nas ocasiões em que há alguém fragilizado e alguém disposto a ajudar.
De maneira geral, é fácil nos colocarmos como protagonistas de tudo o que nos envolve e afeta. Mas nem sempre somos o assunto. Quando alguém está frágil, poxa, não é legal roubar a cena e sequestrar a experiência do outro, mesmo com sentimentos legítimos.
Neste momento é a vez de dar escuta, espaço, compreensão, sem julgamentos, ou seja, de praticar a empatia. O mesmo deve vir do outro lado, quem recebe empatia tem que ter empatia, a sensibilidade de compreender que está recebendo uma ajuda para levantar e não um apoio não vitalício. Quem doa o tempo e o amor, tem limite, porque sem limite, o papel de vítima (do apoiado) se sobressai. E quem quer ser vítima?
Ao mesmo tempo, quem apoia tem que ter cuidado para não se envaidecer no papel de “salvadora/or”. Porque nada pode ser pior que isso para todos. Tenho entendido que há momentos em que é preciso sair da frente de quem pede ajuda. E isso não é egoísmo, é autocompaixão, sem excessos, que fique claro, e é amor pelo outro, afinal, sentir a fragilidade é entendê-la e vencê-la.
Nas vezes em que é essencial estender a mão, percebo que é crucial lembrar que empatia não é pegar o problema do outro para si, mas se colocar no lugar do outro e, sem julgamentos, ajudar com o que estiver ao seu alcance. Porque quando tentamos pegar o que não está ao nosso alcance podemos desequilibrar e até cair. E em situações em que há alguém frágil (diferente de vítima) é preciso ter alguém em equilíbrio.
Afinal, suporte tem a ver com isso, com apoio, com equilíbrio. Sem excessos, de nenhum dos lados, como bem frisa a dura, mas no fundo muito doce, Violet.