Há dois dias reverbera aqui a pensata de um autor francês : “mulheres de 50 são muito, muito velhas para serem amadas”. Assim mesmo, usando a palavra “muito” duas vezes, esse senhor, de 50 anos, deu a tal declaração à revista Marie Claire francesa.
Disse que mulheres de 50 anos não são atraentes, entre outras atrocidades. Nunca li uma obra dele, mas ao que parece é um sujeito prestigiado na literatura, no cinema e na TV francesa que, aos 50 anos, evidentemente, não atualizou seus conceitos. Ou seja, deixou definhar o que é mais importante para a real juventude eterna.
Afinal, quem é “too, too old to be loved”? Uma mulher de 50 anos ou um monsieur de 50 anos que tem os valores sexistas e reducionistas do século passado? Fica a pergunta, senhor Yann Moix.
Fica também uma foto minha, no dia que fiz 50 anos (3 anos atrás). Eu de corpo literalmente inteiro. Porque tem fora e tem dentro.
Amo um homem com 58 anos lotado de predicados, que também me ama.
Monsieur fez um jogo tolo, porém efetivo: mexeu com amor. Colocou idade no amor e padrão físico. Tão batido isso, tão old and not cool. Provocou desejos coletivos: todo mundo quer ser amado, todo mundo quer ser vigoroso e belo, dentro de seus próprios conceitos, mas todo mundo quer. Ou seja, jogou baixo.
E tem mais baixaria. Hoje o mesmo autor disse ao The Guardian que não se surpreenderia se a declaração fizesse as vendas do seu novo livro disparar, entre asneiras mais revoltantes. Só não receio que ele esteja certo porque os tipo que fazem de tudo para causar, hoje em dia, fazem barulho, mas são desprezados. É uma jogada antiga, que atualmente, resulta em gol contra. Estamos em 2019 (eba!). Novos tempos, pensamentos e reflexos. Já o senhor Moix ficou no século passado. Certamente mulheres não comprarão os livros deste senhor nunca mais. Torço para isso.