A juíza americana Ruth Bader Ginsburg vai e deixa imenso legado. Seu último desejo, confessado para a neta: “ser substituída na corte americana pelo próximo presidente do país”. Levando em conta a herança deixada por ela nem é preciso explicar o porquê.
Aos 87 anos, ela fez história dedicando a vida ao cumprimento das leis para todos. Conquistou direitos femininos, LGBT, equidade de gênero e de cor. A igualdade como garantida por lei, que deveria ser o propósito de todos, era o propósito da mulher que nasceu em Nova York em 1933 e cresceu em uma América extremamente preconceituosa — a história prova que negros, mulheres e gays já foram (acredite) muito mais injustiçados. RBG sofreu alguns preconceitos na pele. Dizia que foi difícil conseguir o 1º emprego, pois era “mulher, mãe e judia”.
Filmes, documentários e livros destacam a importância da notória RBG, trocadilho com o nome do rapper Notorious B.I.G., por seu rigor e opiniões. Ruth é assim chamada pela nova geração que lotou salas de universidades para ouvir a dama da justiça. Nas ocasiões, camisetas e canecas com o rosto e o nome de RBG revertiam fundos para causas sociais. O estilo autêntico de se vestir (luvas de renda e colarinhos exclusivos sobrepostos à toga) era celebrado. A rotina de exercícios físicos idem. RBG era um ícone pop e usou isso para ampliar o interesse dos americanos pelas leis e lutas. A fama era tanta que inspirava até fantasias de Halloween.
Para Irin Carmon, uma das autoras de Notorious RBG, livro sobre a vida da juíza, "Pessoas de todas as idades ficam entusiasmadas ao verem uma mulher na vida pública que por tantos anos tem demonstrado ser inabalável em seu compromisso com a igualdade e com a justiça”.
Formada na Columbia, com passagem pela Harvard, dedicou o diploma à mãe, que também faleceu de câncer. Consta que foi uma das 9 mulheres em uma turma de 500 alunos. Uma matéria do Los Angeles Times diz que o discurso de formatura levou todos às lágrimas. Foi o primeiro de muitos. Fica a esperança de que o legado de Ruth prossiga forte e próspero. E, claro, a gratidão.