Brigitte Bardot faz 86 anos hoje. Sim, musas envelhecem, assim como eu e você. Elas também acertam e erram, têm luz e sombra, procedimentos estéticos mil ou não.
A imagem jovem e sensual de Brigitte (nome da minha cadelinha, diga-se) dos anos 60 e 70 é referência desde então. Para além da beleza, havia a autenticidade do estilo: delineador, cabelo alto, franja longa... depois cabelos lisos e um ar bem natural, tal qual a estátua de BB em nossa Búzios.
E foi nessa época, no auge, que ela se aposentou, trocou as ribaltas do cinema pelas causas dos animais. Assim, deixou de ser refém da beleza jovem, seguiu seu propósito.
Não deve ser fácil ser linda como BB, tampouco envelhecer no olhar de uma sociedade que só agora começa a ensaiar gentileza com o que é tão natural quanto a vida, ou seja, o envelhecimento.
No quesito “aceitar o tempo e vivê-lo com propósito, quebrando paradigmas”, BB segue musa.
Contudo, há a sombra: denúncias de intolerância religiosa, xenofobia, descaso com movimentos sociais como o #metoo, pelo fim do assédio sexual feminino no cinema.
E daí, mesmo a imagem mais linda de BB... perde um pouco a majestade.
Eu sinto vontade de trocar uma ideia com ela... entender os seus porquês, acolher. Torço para que BB ouça aquela amiga que está sempre disposta a ajeitar a nossa coroa. Até porque o mundo tem dado sinais de basta para sombras como a da BB... e perder uma musa dói.
Envelhecer o corpo é inevitável, a mente também, por isso creio que o exercício mais vital é aquele que fazemos para integrar o tempo presente, o zeitgeist, o espírito dos tempos.
Eu quero voltar a amar BB. E você?