Que dias estamos vivendo... já tão tristes pela perda de tantas vidas, com a tensão sobre a já instabilidade financeira para alguns e ausência do básico para muitos. Pois hoje estamos um pouco mais tristes, com essa notícia que nos fragiliza, em um momento em que a união deveria ser o foco. O que pode ser mais importante do que unir o país?
Para as tristezas, tendo a recorrer à poesia. Deixo abaixo a que Rosangela Moro postou durante a madrugada, que me parece cheia de símbolos. Que a gente possa viver em águas mais calmas. O Brasil merece mais.
Repost de @rosangelawmoro
Rosas e Poemas. Para o ❤️
”Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como uma nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.”
Ausência, Vinicius de Moraes