Há quanto tempo você não faz algo pela primeira vez? Essa reflexão me ocorreu porque essa foi uma semana de estreias. Aos 54 anos, fiz minha estreia no Baile da Vogue e o baile estreou no Copacabana Palace. E foi maravilhoso. Aquela atmosfera palaciana, com os figurinos surrealistas, aquela alegria, os shows. Saí com os pés doloridos de tanto que dancei, e a alma mais leve, a energia renovada - e só eu sei como estava precisando disso. Não que tenha sido uma escolha não estar em um baile da Vogue até hoje, né? Simplesmente nunca tinha sido convidada, mas é um exemplo de estreia sensacional e me fez pensar no assunto, mais uma vez.
Fico me perguntando: se as experiências nos fazem tão bem por que não nos jogamos de cabeça nelas? Arrisco o comodismo como uma das respostas. "Ah, a minha vida está indo tão bem, para que inventar?". "Está tudo tão bom do jeito que está". A gente não quer mexer e "desorganizar" o que já está arrumadinho por medo. Sim, talvez o medo seja o grande cabresto. Temos medo do ridículo entre várias possibilidades. Sofremos da síndrome da impostora. Eu me reforço para sair da minha estimada zona de conforto. Não é assim, no automático.
A verdade é que se queremos mudança, temos que dar uma sacudida na vida. Seja aos 30, aos 50 ou aos 80. E nada dá mais combustível para a transformação do que a novidade. E para quem está na fase filhos criados, talvez já fora de casa, recomeçar, arriscar, renovar, são sinônimos de vida, de respirar. Sem contar que diversos estudos apontam que fazer algo novo ajuda a previnir doenças.
Agora, com as baterias recarregadas, vou ficar com as antenas ligadas para o inédito. E você como se sentiu na sua última primeira vez?