Semana passada assisti a um talk de Regina Navarro Lins, psicanalista, sexóloga e escritora, no Instituto M.Inq. O tema era “O Casal, Trajetórias da Intimidade”. A apresentação foi num formato de estudo de casos. Ela projetava diferentes situações no telão e a platéia podia opinar. Foi super interessante, uma experiência enriquecedora, que fez os presentes questionarem alguma crença.
O assunto é denso, fundamental e vai gerar outros posts, é claro. Um ponto fortemente abordado foi a questão do relacionamento romantizado, onde os dois se tornam um e perdem sua individualidade.
Regina abordou as princesas que fazem parte do imaginário feminino. Cinderella, de 1950, Valente, de 2012. “A história da Cinderela não incentiva a menina a trabalhar suas aptidões.” Mesmo eu, criada para ter autonomia, cai no conto da Cinderella. Sempre fui realizadora, mas no fundo (nem tão no fundo assim), adoro ser tratada como princesa. Quem não? É cultural.
Falou também da libertação que a pílula anticoncepcional possibilitou. Logo pensei que a Cinderella nasceu antes da pílula. Acho que tem algo aí.
Se Cinderella esperava, Valente vai atrás. Uma é o oposto da outra no que diz respeito ao comportamento… Valente é protagonista, toma a frente.
Não sou avó, sou mãe de homens logo princesas não frequentam muito a minha vida. Conversei com amigas que tem meninas e as opiniões foram quase 50/50. A Ariel e a Mulan também foram trazidas como exemplos. A menina ainda deposita muito de seus sonhos para o futuro no casamento idealizado, ou seja, com o príncipe. A boa notícia é que elas se dão conta da existência da outra opção e namoram a possibilidade.
Fico feliz em saber que as meninas desta nova geração terão, ali no inconsciente, uma figura feminina romantizada sim, mas para o lado da pró atividade, do autocuidado, da auto-aceitação… adjetivos que traduzem valentia.
Se nós conquistamos tais predicados ouvindo que era preciso se encaixar nos padrões alheios (mesmo que esses apertassem os nossos passos), imagina como será mais fluído para quem já cresce entendendo que somos nós que escolhemos o que calçar e como caminhar.
Sejamos valentes, sempre!