O cara da foto está em forma depois de malhar muito, na cadeia. Esse é John, o Dirty John. No dia 18/02 recomendei o seriado Dirty John (Netflix). Desde então, me perguntava: como uma mulher inteligente caiu nesta armadilha? Antes da polêmica, deixo claro: não estou culpando a vítima! A minha dúvida era sobre empatia e não julgamento.
No mesmo dia em que vi a série, o terrível caso real da empresária Elaine Caparroz se deu. Fiquei perturbada. Conversei com amigas, queria opiniões.
Assim como o monstro carioca, John, o personagem da série existe e é apresentado em um documentário da própria Netflix, “Dirty John - The dirty truth”. Dei play! Escrito a partir do podcast do repórter Christopher Goffard, do L.A Times, o doc originou a série e intercala depoimentos de vítimas (incluindo Debra Newell), da família dela, da família dele, de pessoas que conviveram com ele, além de profissionais envolvidos no caso.
Não justifica, o comportamento doente do criminoso, mas fez eu perceber a ausência de amigas das vítimas. Quando vi a série eu me perguntava “Onde estão as amigas da Debra?”, no doc uma investigadora diz que só 1 vítima citou 1 amiga… após se aconselhar percebeu o risco que corria e salvou a própria vida. As 2 eram brasileiras.
Notei ainda que a maioria das denúncias contra John vieram de vizinhas das vítimas. Liguei a info com uma entrevista que li recentemente, em que Teresa Cristina Santana, juíza da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar de SP, diz que raramente há intervenção em brigas de casal e que essa intervenção pode salvar uma vida.
É preciso olhar, ouvir e falar sobre o assunto. A violência doméstica contra a mulher e o feminicídio são crescentes no país da Lei Maria da Penha (foto 2) Se somos empatia, sororidade e suporte, temos que nos ouvir e falar. Sem vergonha ou medo. Com coragem, que a gente sabe, é palavra que deriva da expressão agir com o ❤.