Maya Angelou (1928-2014) era a coragem. Por isso ouvir ela falando sobre o tema é tão especial.
A história e a vida de Maya abriram caminhos para a história e a vida de muitas mulheres, especialmente as negras e americanas.
Foi poetisa, jornalista, escritora, ativista, também foi bailarina, cantora, netas filha, esposa, mãe amiga, e a primeira mulher a conduzir um bonde na cidade de São Francisco, na Califórnia… não exatamente nessa ordem.
Entre os 76 e os 86 anos escreveu nada menos que dez livros. E estava produzindo mais um quando faleceu. O filho destacou a atividade intelectual e a produtividade da mãe no dia de sua despedida.
Dos 8 aos 13 anos, Maya emudeceu literalmente. Perdeu a voz. Um trauma a calou: fora estuprada pelo padrasto (aos 8 anos), contou para o irmão… o estuprador foi condenado a um dia de prisão, quando solto, foi assassinado.
Ela relacionou a morte dele com o fato de ela ter revelado o crime que ele cometeu contra ela, uma menina. Imagina… eu imagino e me dói muito.
Depois dessa barbaridade, ela que morava com a mãe, voltou a morar com a avó paterna, com quem já tinha vivido na primeira infância. Foi ali, com a ajuda de uma professora, amiga da avó, que conheceu os livros, as artes, a trajetória de feministas negras como Frances Harper, Anne Spencer e Jessie Fauset.
Isso explica muito.
A avó paterna, Annie Henderson, aliás, era uma inspiração, uma mulher negra, independente, comerciante bem sucedida, o que era raro e corajoso na época, por volta dos anos 40, quando a terrível lei Jim Crow ainda não existia nos EUA, mas a segregação racial sim.
Maya viveu o período trágico, depois rodou o mundo, ganhou voz, prêmios, relevância, respeito, a confiança e a amizade de uma certa Oprah, quando ainda não era famosa, e de James Daldwin, Luther King, Mandela… tem 7 autobiografias, se não me engano, e talvez tenha vivido muito mais do que 7 vidas em uma só.
Viveu uma vida tão bonita, quanto dura e corajosa. Por isso ouvir ela falando sobre coragem faz tanto sentido. E inspira tanto por aqui. E aí, me conta?
Via @karlaluzpsicologa