Eu amo ver coroas encontrando seu lugar e sua liberdade no mundo. E sei o quanto mulheres como Danuza Leão foram e são importantes para esse movimento. Eu não a conheci pessoalmente, mas mais de uma vez, ao ler ela, tive não a impressão, mas a certeza, de que ela me conhecia muito bem, que ela "escrevia para mim". Danuza é uma alma livre, poética, corajosa.
Sim, corajosa. Pelo que lia dela e sobre ela, posso dizer que Danuza vivia com coragem de ser Danuza. Foi modelo — e internacional. Foi musa — e foi pintada por Di Cavalcanti. Foi atriz — e trabalhou com Glauber Rocha. Foi escritora — lançou livros, assinou colunas. Foi amada — e foi amante e teve amante. E deixou esse transbordar de amor e desejo (Danuza era sexy demais) escorrer pelas conversas, crônicas, entrevistas e mais.
Foi mãe e perdeu um filho, uma dor que só quem sente sabe. Danuza foi muito mulher! E que mulher! Nesses tempos em que tanto se fala de legados, ela deixa o da coragem e o da liberdade.
Deve ter se quebrado um tanto, é verdade. Mas só quem se joga cai, se quebrar e levanta. E ela se jogou. E falava coisas triviais com um tom de filosofia que me fascinava.
Por exemplo, dizia que era IMPORTANTE sair sempre arrumada de casa, pois não se sabe quem vai encontrar na padaria. Dizia que o desejo de toda mulher considerada forte era ter alguém para cuidar dela quando estivesse com uma gripe. Ela dizia o que ela considerava verdades essenciais com um jeito que só ela tinha. E sempre com um quê de amiga sábia.
Em 2019 e 2020 tentei contato com ela, sem sucesso. Fui elegante nas tentativas e não insisti. Danuza, afinal, era elegância.
A foto desse post, eu peguei do site do Jornal Opção, de uma coluna de Euler França (que tem muito sobre Danuza, aliás). Sobre a capa, Danuza falou que era exagero da Manchete dizer que ela conquistou Paris. Devia ser mesmo. Mas eu não estou exagerando ao contar da influência dela aqui.
Que a passagem seja linda, amém.