Beleza, bem estar, maternidade, desafios, sucesso profissional e reinvenção pós os 60 anos. A autobiografia da celebridade 70+ é um enredo cheio de surpresas e sugestões motivacionais
Diane Von Fürstenberg diz: "o livro é carinhoso, honesto e verdadeiro - com doses de humor e conselhos de vida, que foram aprendidos da forma mais difícil”. Eu concordo totalmente. A estilista DVF assina a contracapa da autobiografia de Maye Musk, modelo e nutricionista americana, 72 anos recém-completados, e sim, mãe do todo poderoso da Tesla ( e da Terra). O livro se chama "Maye Musk — “A Woman Makes a Plan: Advice for a Lifetime of Adventure, Beauty and Success”, ou , em português, “Maye Musk — Uma Mulher Planeja: Conselhos Para Uma Vida de Aventura, Beleza e Sucesso”. É da editora Life, tem 205 páginas, e está à venda on line, em inglês.
Eu já devorei o livro e amei conhecer Maye melhor durante a quarentena. É uma leitura gostosa, que desperta emoções, aspirações e surpresas. Ao ver a figura pública de Maye, eu nunca imaginei que, por trás de sua beleza e plenitude, tinham tantos pratinhos sendo equilibrados. O livro entrega cada um deles, elenca tópicos típicos do universo feminino e os usa como instrumento para motivar mulheres 70 mais ou 70 menos a escreverem a própria história na vida. No subtitulo, estão as palavras, Aventura, Beleza e Sucesso, em caixa alta. Na narrativa, aparecem mais ou menos assim:
Aventura: Maye nasceu no Canadá, foi morar na África do Sul, em Pretória com a família, com quem aprendeu a sonhar e arriscar. E o início da aventura foi esse…
Beleza: nutricionista, foi uma das primeiras modelos fora dos padrões de magreza insalubre. É também precursora do orgulho e da beleza dos cabelos brancos. Aos 59, Maye abandonou a tintura. Dois anos depois estava na capa de uma revista importante, com uma barriga de grávida postiça, sinalizando a nova vida pós 60 (e mais uma aventura).
Sucesso: Maye investiu em conhecimento e trabalho. Alcançou êxito como nutricionista, modelo (e agora porta voz da nova mulher 60+). Criou três filhos sozinha depois de se livrar de um casamento abusivo. E, sim, um de seus filhos vem a ser um dos homens mais relevantes do mundo.
Maye fala do estilo de vida pós 60. E você errou se pensou em uma vida tranquilona e sem novidades. Desfilou pela primeira vez no New York Fashion Week aos 67 anos, ao lado de mulheres com um terço de sua idade. Aos 69 anos se tornou a "garota" da marca de maquiagem COVERGIRL! "Você consegue imaginar?”, pergunta Maye em sua autobiografia. Ela mesmo responde "eu nunca imaginaria”.
Já eu, Adri, nunca tinha imaginado que, além de enfrentar e vencer padrões estéticos, Maye fez o mesmo, com outros grandes desafios. Casamento moralmente e fisicamente abusivo fazem parte do enredo. A liberdade veio depois de uma agressão pública que a motivou a assumir sozinha a criação de seus três filhos nos anos 70. Por 10 anos, o ex-marido ameaçava “pegar a guarda”, enquanto Maye trabalhava para sustentar as crianças e desviar de provocações, chantagens e outras ameaças. Maye diz que expõe a história (infelizmente tão corriqueira em casas de todo o mundo e de todas as classes sociais, 50 anos depois) para ajudar/incentivar quem está na mesma situação que ela já esteve um dia. Entre muitas sugestões, frisa:
1. Protagonismo: ”Estar sozinha é melhor do que viver com medo”.
2. Resiliência: “Ter dificuldades financeiras é melhor do que ser aterrorizada diariamente.”
3. Praticidade: “Lidar com frustrações faz parte.”
Acredito que esse casamento foi o evento mais forte da vida de Maye e de seus filhos. Contudo, ela não permitiu que fosse o mais importante, usou o tombo para levantar e se reinventar. Olhando em retrospectiva, diz que os filhos cresceram bem com o pai ausente de todo cuidado. E compartilha passagens que demonstram o entrosamento familiar, o apoio mútuo. Maye diz: "Meu filho mais velho, Elon, está fabricando carros elétricos para salvar o meio ambiente. Meu filho do meio, Kimbal, abriu restaurantes farm-to-table e está ensinando crianças em todo o país a construir hortas de frutas e vegetais em escolas carentes. Minha filha mais nova, Tosca, toca sua própria empresa de entretenimento, produzindo e dirigindo filmes best-sellers. Todos eles têm interesses diferentes”. Eu completo: e sucesso. Como deu certo?
4. Valores: "Eu nunca disse a eles o que estudar. Nunca os tratei como bebês.”
5. Discurso e prática: "Criei para serem independentes, gentis, honestos, atenciosos e educados para trabalhar duro e fazer coisas boas.”
6. Ausência de vitimismo: “Eu nunca me senti culpada por trabalhar em período integral. Não tínhamos escolha.”
Maye conta que trabalhava de casa e não raro, com a ajuda das crianças. Tosca redigia e datilografava cartas aos pacientes, por exemplo. No cápitulo “Acts of Kindness” deixa claro que caminhar sozinha é bobagem, e conta diversos episódios bonitos sobre empatia, solidariedade, apoio e troca. "Você pode planejar e estar preparada, e ainda assim muitas coisas podem dar errado. Mas também é nesses momentos que você percebe os pequenos atos de bondade das pessoas”, ela diz. Eu destaquei 3:
7. Empatia e flexibilidade: "Para que eu não perdesse um comercial de TV, conquistado a a duras penas, uma profissional da universidade de Toronto trocou a data do meu teste de proficiência em nutrição, fundamental para eu começar a atender no Canadá.”
8. Empatia e cordialidade e coragem: “A minha mala havia sido extraviada e eu não conseguia recuperar minhas melhores roupas. Ao saber disso, um homem que havia conhecido recentemente, me levou até o escritório da empresa de aviação, entrou comigo e disse ser o meu advogado. Três dias depois a mala foi entregue na minha casa… na sequência eu descobri que ele era um contador, não um advogado.”
9. Empatia e sororidade: “Ouvi uma produtora dizer que o meu par de sandálias não era apropriado para um trabalho. E foi aí que uma modelo jovem, que dividia a cena comigo, deu a dica de uma loja com preços populares. Comprei dois pares, um prata e um dourado, garanti o trabalho e me virei bem por muito tempo”.
Aos 72 anos Maye segue aprendendo, realizando, criando bons legados. E diz: "eu não me preocupo com a minha idade, estou muito ocupada me divertindo”. O saudosismo só ganha espaço nas horas em que descreve a infância, em Pretória, na África do Sul. No mais, ela leva o passado como aprendizado para o presente, o presente como possibilidade de reinvenção e curtição. Para encerrar, a dica 10 de Maye Musk:
10. Não procrastine: “Faça o seu plano e comece agora!”