Hoje é o primeiro dia de Lygia Fagundes Telles com 97 anos. Conhecida como dama da literatura, com cadeira na ABL, Lygia soma 82 anos só de carreira literária.
Descobriu sua paixão pelos livros e pela escrita na adolescência. O primeiro livro foi lançado em 1938, quando ela tinha 15 anos. O mais recente, uma coletânea da Companhia Das Letras, foi lançado em 2018.
Ouvi dizer que Lygia criou um ritual para escrever: arruma a mesa, providencia café e cigarros, põe música clássica para tocar, acende um bastão de incenso, veste-se meticulosamente com roupas claras e põe-se a trabalhar incessantemente.
Formou-se em Direito e Educação Física. Era uma das seis mulheres em uma turma de mais de cem homens na Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo.
Para o sociólogo, professor, ensaísta e crítico literário Antônio Cândido (1918/2017), “Ciranda de Pedra”, de 1954, foi um marco. E é excelente dica para começar a conhecer a autora. O texto que ilustra este post é da obra, embora pareça tão atual.
O “atemporal” está entre os encantos da obra da autora, assim como temas universais, tratados ao sabor das minúcias dos sentimentos. Lygia ainda é maestrina em descrever o fluxo de consciência dos personagens, cada gesto e movimento, e envolver um mistério não dito.
Parabéns, Lygia, pelos seus 97 anos! Por sua força literária e por abrir caminhos para mulheres que vieram e que vêm por aí.
Lygia é atemporal